
Este texto é uma despedida do grupo de estudos em Ciências Humanas Mentes Inquietas do espaço generosamente cedido a nós pela Gazeta Informativa. Publicamos artigos, crônicas, ensaios com um único objetivo: provocar o leitor a refletir sobre certezas, sobre verdades. Se ao menos um leitor sentiu-se provocado a repensar o mundo em que nos inserimos, consideramos cumprido nosso dever na Gazeta Informativa.
No final das contas, esta é a função da filosofia. Implodir certezas e cultivar a dúvida. Dar respostas para as angústias da existência não está na pauta da filosofia. O estudo em si é instigador: quando lemos Platão nos parece que está correto e o mesmo acontece com Kant, Mill, Marx, Habermas e tantos outros. No fundo, a jogada não é perceber que todos esses pensamentos estão cheios de defeitos, de inconsistências e quando confrontados tomamos a consciência de que existem muito mais coisas entre a matéria e a explicação do que se pode conceber idealmente.
Eis, então, a necessidade de caminhar pelo incerto e seguir questionando. Aceitar e “torcer para dar certo” apenas acomodam. O confronto nos faz caminhar. Toda vez que um sujeito se apresenta cheio de certezas e com respostas prontas para os mais complexos problemas cabe explicar o mundo – caso valha o esforço – ou usar o sarcasmo.
O estudo das Ciências Humanas, o confronto de ideias certamente não serve para construir uma mesa, mas é a partir disso que se discute a viabilidade dessa feitura, os porquês e melhores caminhos a seguir. Para além disso, o estudo nos serve para melhorar a capacidade de pensar. Pensar com critério exige esforço; gritar mitos na rua ou nas redes sociais, não.
Despedimo-nos do jornal justamente no início de um novo governo, o qual em palavras e atitudes mostra completo desrespeito ao pensamento crítico e independência intelectual dos sujeitos. Como sempre, o exame crítico de palavras e ações não pode parar.
- A crítica não pode parar! - 5 de janeiro de 2019
- Nuances do jornalismo brasileiro - 3 de janeiro de 2019
- O real como objeto do espetáculo virtual - 27 de dezembro de 2018
Comentários