
Há alguns meses nossa cidade comemorou a obtenção do registro de Indicação Geográfica da erva-mate são-mateuense. Mas no início de 1897, a população local comemorava um outro feito ligado à venda do mate. Embarque comigo nesta história!
João Onofre Flizikowski tinha um comércio em Curitiba, quando seu sócio Antônio Bodziak (na foto desta coluna, Bodziak em pé e Flizikowski sentado) lhe convenceu a investir numa pequena colônia polonesa que seria formada às margens do Rio Iguaçu, chamada São Mateus. Desde que montou seu comércio próximo ao porto são-mateuense, Flizikowski já notou que a grande riqueza da terra não era a madeira, que abarrotava os vapores em 1891. O “ouro verde” seria a erva-mate, que os imigrantes aprendiam a extrair com os índios, e que tinha excelente receptividade em outros pontos do estado e no Sul do país.
Mas Flizikowski sonhava em levar o mate para o outro lado do oceano. A Revolução Federalista (1893-95) veio atrasar o sonho do polaco. Flizikowski participou da primeira formação do Batalhão Polaco, atuando na tomada de São Mateus em novembro de 1893, e sendo preso e perseguido após o fato. Mas assim que a guerra acabou, Flizikowski retomou seu objetivo. Começou a negociar com empresários do Império Austríaco, pois confiava que nos territórios da Galícia (sul da Polônia e Ucrânia) o mate teria boa receptividade.
Após um ano inteiro de negociações, em janeiro de 1897 o Diário Oficial e Geográfico de Lemberg (atual cidade de Lviv, na Ucrânia) comunicava: “a primeira remessa de erva-mate das colônias do Paraná foi com presteza vendida”. No dia primeiro de fevereiro o mesmo jornal estampava “Erva-mate: o chá brasileiro (…), sendo barato e saudável, achou um grande mercado de consumo e a primeira remessa já se encontra esgotada”. A população local que acabou com o estoque de erva, reclamou de “um certo dissabor” provocado pelo gosto da fumaça, usada para secar a erva. Mas o próprio jornal rapidamente publicou: “Para tirar o cheiro da fumaça o senhor Flizikowski vai empregar um outro sistema a fim de secar a erva-mate”.
No dia 3 de março o jornal austríaco comemorava a chegada de mais erva-mate: “A nova remessa de erva-mate já aqui chegou. Essa erva foi secada e preparada em fornos apropriados (…) e não tem mais o gosto proveniente da fumaça”. O jornal comunicava que com o mate havia chegado outro produto brasileiro: “a farinha de mandioca”, e explicava detalhadamente do que se tratava a farinha.
Em 05 de março de 1897 o Diário de Lemberg publicava o que deve ter sido a primeira propaganda de São Mateus na Europa: “Erva-mate – Chá brasileiro das colônias do Paraná, preparado por O. Flizikowski em S. Matheus, Iguassú. A mais saudável e mais barata bebida para o povo. Preço: 1 kilo: 1 florim e 40 cent”.
Era a força dos imigrantes transformando a erva-mate no “Ouro Verde” que mudaria a economia de São Mateus.
Até a próxima semana e céus limpos para todos nós!
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