
Montados sobre o lombo de cavalos ou de muares, os tropeiros contribuíram para desenhar o mapa brasileiro. Seus locais de poso tornaram-se povoados e mais tarde cidades. Em São Mateus do Sul, as comunidades de Taquaral do Bugre, Faxinal dos Ilhéus e Passo do Meio, por exemplo, tiveram a passagem desses desbravadores.
O resgate dessa história e a devida homenagem aos seus personagens motivaram a realização do II Encontro Regional de Tropeiros em São Mateus do Sul, entre os dias 7 e 14 de fevereiro. Com um estilo de vida marcado por longas viagens, os personagens deste ciclo econômico acabaram também por desenvolver uma cultura regional, que foi celebrada durante as duas últimas semanas.
Para resgatar a tradição culinária, o Chef de cozinha Sérgio Buch e a professora Terezinha Wolff conduziram um workshop no dia 11 de fevereiro na Casa da Amizade. Terezinha é uma das principais pesquisadoras da história do tropeirismo na nossa região. Ela veio de União da Vitória para falar sobre a rota dos tropeiros e sua importância para o desenvolvimento do Sul do Paraná e toda a região do Contestado. O evento teve degustação dos pratos “angu caboclo” e “pudim de erva-mate”, seguidos de um jantar com pratos típicos tropeiros.
No sábado seguinte, o simpósio promovido no Centro da Juventude possibilitou o debate sobre diversos aspectos do tropeirismo, como o legado no campo da linguagem, tratado por Fernando Tokarski, da Universidade do Contestado. Paulo Henrique Schmidlin (Patrimônio Cultural do Estado do Paraná) falou sobre os caminhos tropeiros no Brasil, enquanto o professor de História Joaquim Osório Ribas focou na contribuição regional, falando sobre o caminho de Palmas a União da Vitória. Já a preservação do patrimônio cultural e desenvolvimento do turismo foi o tema tratado por Aymoré Índio do Brasil Arantes, também do Patrimônio Cultural do Estado.

Exposição sobre tropeirismo reúne acervo da
Casa da Memória e de colaboradores. Foto: Eduardo Covalesky Dias
O fechamento da programação aconteceu no dia 14, domingo, com a I Festa de São Sebastião da Comunidade do Emboque, que reuniu centenas de pessoas, dentre elas tropeiros e entusiastas de diversas cidades.
Na ocasião, foi inaugurado o “Marco dos Tropeiros no Emboque”, em homenagem ao tropeiro são-mateuense Mathias Franco Sobrinho e a todos os personagens do tropeirismo na região.
Bruaca cultural
Objetos históricos que representam os costumes tropeiros estão também expostos até o dia 12 de março na Casa da Memória Padre Bauer na exposição “Bruaca Cultural”. O nome também remonta ao legado tropeiro: “A bruaca era um objeto característico das tropas, usada para carregar produtos diversos. Aqui, ela carrega também a cultura”, explica a professora de História Hilda Jocele Digner Dalcomuni. O horário de visitação é de segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h30 às 17h.
Um jogo de tabuleiro pode ser também uma rica fonte de aprendizados. É essa a proposta do professor de Português e Literatura Silvestre Alves Gomes ao desenvolver o “Jogo do Tropeiro”, apresentado à comunidade são-mateuense durante a festa de São Sebastião, no Emboque.
Os jogadores são convidados a ingressar numa jornada com sua tropa, seguindo o caminho daqueles pioneiros. As cartas do jogo representam os muitos perigos pelo caminho, que podem ser combatidos pela habilidade ou sabedoria tropeira. O cuidado dispensado por Silvestre ao incluir referências históricas torna este material uma fonte de aprendizados, com grande potencial para ser levada à sala de aula e contribuir para a divulgação da cultura local.
Uma mostra do jogo está disponível online, no site do autor: www.silvestrealves.com.br/jogo. Segundo o autor, exemplares da versão física estarão à venda no comércio local. Além disso, é possível encomendá-lo no próprio site.
Uma grande tropeada levou a imagem de São Sebastião da Paróquia Nossa Senhora de Czetochowa até a comunidade do Emboque, em São Mateus do Sul, no final da tarde de sábado, 13, para a inauguração de um monumento de homenagem aos tropeiros. O evento integrou a programação do II Encontro Regional de Tropeiros e reuniu dezenas de tropas e habitantes da comunidade. Para representar os tropeiros, o monumento presta homenagem especial a Mathias Franco Sobrinho, em reconhecimento a sua contribuição para o início do povoamento da cidade durante sua saga enquanto tropeiro.
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