
A mulher agricultora, a mulher empresária, a mulher mãe, a mulher dona de casa, é antes de tudo, MULHER. Mulher na concepção da palavra, digna de direitos, digna de garantias fundamentais, digna de igualdade. A mulher produz vida. Vida humana, vida vegetal, vida animal. Ela representa boa parte da mão-de-obra na agricultura e faz girar nossos pratos e nossa economia. A mulher agricultora se desdobra nas suas jornadas, entre ser mãe, mulher, dona-de-casa e trabalhadora, mas será que são reconhecidas dentro de seus lares e fora dele?
O trabalho agrícola desenvolvido pelas mulheres no campo é tão invisibilizado quanto o trabalho doméstico, tidos como trabalho reprodutivo e não produtivo, portanto, não gerador de valor, logo, pormenorizados. Vista como agregadoras de mão-de-obra, as mulheres, por vezes, se dedicam intensamente as suas atividades que se esquecem de si. Sempre se colocando em segunda ou terceira opção, consequentemente, adquirindo doenças do corpo e da alma, que perdem com a capacidade reprodutiva o pouco poder que tinham, ficando invisíveis e sem cuidados. Geralmente, não trabalham nas mesmas condições que os homens, com menos a acesso à educação, tecnologias e crédito agrícola. Agregadora à terra, mas nem sempre proprietária dela. Por vezes, acabam se tornando dependente do marido ou outros homens da família. E neste caso, o isolamento favorece a invisibilidade, permitindo que esse ciclo se perdure, tão logo, vivendo o cerceamento, de direitos e dignidade.
Podemos elencar diversas propostas para diminuir as desigualdades de gênero no campo, mas algumas são extremamente fundamentais e urgentes, como fomentar políticas públicas de valorização e participação feminina no meio rural; participação das mulheres nas lideranças de representações sindicais, associações e cooperativas e atividades técnicas envolvendo as mulheres, com ou para elas. A palavra chave é empoderar. As mulheres precisam garantir autonomia e poder para reivindicar suas necessidades individuais e coletivas.
Emerge nessa narrativa discutir a emergência na valorização feminina no modus de produção no meio rural. Entretanto, sabemos que essa ruptura é algo processual, pois viemos de décadas de exclusão feminina no mundo do trabalho, e que as conquistas sociais surgiram na base de muita discussão e muita luta. É tão logo necessário enxergar a mulher rural como trabalhadora rural, com vez e voz, para eclodir uma agricultura sustentável e igualitária. Valorizar sua mão-de-obra é antes de tudo, valorizar a sustentação da agricultura familiar, pois nossa base agrícola depende fortemente da participação feminina. Ser reconhecida nos papéis que desempenha vai além de um status social, equipara seu trabalho, sua ação e sua força no modus de viver com qualidade no campo.
Por Gladstony Wilker Bezerra
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