
Falar de acessibilidade quando não se tem nenhum problema que dificulte sua locomoção ou comunicação com as pessoas na teoria parece fácil, mas na prática é algo completamente diferente.
Um dia desses vi uma mãe com um carrinho de bebê conversando com outra mãe que também estava na mesma situação, e falavam sobre como elas dão valor para uma rampa de acesso depois que tiveram filhos. Uma das principais reclamações ditas pelas mulheres é a dificuldade que elas têm de empurrar o carrinho pelas calçadas esburacadas, e brincando sobre quando conseguem uma rampa, disseram que o obstáculo para fazer uma manobra é pior que uma prova no Detran para tirar a carteira de motorista.
Mas como é realidade na maioria dos casos, os bebês crescem, e o carrinho que por eles eram usados, são deixados de lado. Infelizmente esse ciclo de crescer, aprender a caminhar e aposentar esse meio de locomoção não é realidade na vida de pessoas que têm dificuldades para caminhar, e necessitam de uma cadeira de rodas ou bengalas para continuar a sua vida com um pouco mais de “facilidade” e a possível “acessibilidade” que é tão esperada.
De acordo com o significado de acessibilidade umas das prioridades é o “fornecimento de condições às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, para a utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços públicos ou coletivos”.
Mas essa teoria vai muito além, e não somos acessíveis quando saímos com pressa e “atropelamos” as pessoas que estão a nossa frente, não somos acessíveis quando reclamamos que o senhor que está atravessando a rua na frente do carro está muito devagar, não somos acessíveis quando pensamos em construir alguma edificação e esquecemos da igualdade de ir e vir e não valorizamos a acessibilidade das pessoas que têm a dificuldade que eu não tenho, esquecemos que deixar o carro “apenas 10 minutinhos” na vaga restrita pode dificultar a vida de alguém que realmente precisa daquele lugar.
Precisamos compreender que a acessibilidade não engloba apenas cadeirantes, mas sim, idosos, pessoas com deficiências visuais, com problemas de peso, mães empurrando seus filhos no carrinho, seja como for, precisamos ter a noção de que a dificuldade um dia pode se fazer presente em nossas vidas.
Se você tem a vontade de chegar ao seu destino da melhor maneira possível, pode ter certeza que não és o único.
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