
Amigo(a) leitor(a), neste domingo, 20, é celebrado na tradição cristã, o chamado, Domingo de Ramos. Lembramos Jesus que entra na cidade de Jerusalém, e é aclamado, acolhido com alegria por uma parte do povo com ramos. É em Jerusalém que Jesus vai passar suas últimas horas neste mundo.
Somos verdadeiramente convidados a viver, experimentar nesta Semana, aquilo que Jesus viveu, Ele quer que o sigamos, Ele quer nos conduzir junto dele nesta experiência.
A experiência da Semana Santa é a experiência de nos encontrar com nosso verdadeiro Eu, com nossa identidade mesma, sem as máscaras, sem as aparências, sem os títulos, as funções, sem as relações familiares, que formam a identidade que temos e somos conhecidos no mundo. Na Semana Santa somos convidados a descobrir quem somos, sem tudo aquilo de externo que nos apropriamos ao longo da vida.
Depois de deixarmos de lado, tudo aquilo que molda nossa identidade no mundo, o que sobra de tudo? Sobra somente você, seu verdadeiro eu, seja quem for. Pense em você sem nada daquilo que você é por título, emprego, família, sem os sentimentos, os pensamentos, só você.
É este ser humano que Jesus quer nos revelar, é este ser criado na sua essência a imagem e semelhança de Deus que precisamos descobri para podermos confiar em Deus.
Sem as ‘roupas do mundo’ que temos, que nos revestimos, percebemos e sentimos o quanto precisamos de Deus. Diz um abade de um mosteiro cisterciense, Thomas Keating (OCSO), “Conseguir aceitar esta condição é entrar na vida eterna, confiando na ilimitada e infinita misericórdia de Deus. E se você possui a misericórdia de Deus, não precisa mais nada”.
O resto que vamos acumulando ao longo da vida, passa, e não faz parte de nós, perderemos um dia. Por isso, é insano tentar fazer do externo nossa identidade verdadeira, pois a verdadeira identidade é só você sem nada disso.
Ao mesmo tempo que nos sentimos miseráveis despojados de todos os elementos externos, devemos nos sentir gratos, pois o Filho de Deus ao nascer assume esta nossa mesma identidade humana. E, é esta humanidade que Ele a dignifica e eleva ao patamar divino quando morre na cruz, quando se doa pelo humano, pela fraqueza e a miserabilidade humana. “Prostrados que estávamos por terra, para elevarmos consigo bem acima de toda autoridade […]” (Santo André de Creta).
Por isso, longe de valorizarmo-nos pelo externo, e nem a Ele quando entra em Jerusalém, com mantos e palmas materiais, agitemos nossos ramos espirituais, glorificando a Deus mais por nossas vidas, promovendo a Humanidade criada e novamente erguida por Ele. Nos valorizemos pela identidade original que possuímos, pela Humanidade nossa que Deus dignificou. “Bendito o que nos vem, em nome do Senhor!”.
- Não deixe o tempo passar - 17 de novembro de 2016
- Encantar pelo Evangelho, Eis nossa Missão - 3 de novembro de 2016
- A consciência do cristão no mundo - 20 de outubro de 2016
Comentários