
Na sexta-feira (22) respiramos, de certa forma aliviados com um pouco de chuva mais forte, depois de tanto tempo seco. Na nossa região, o Iguaçu deixou à mostra coisas já há muito esquecidas e muitos visitaram o leito seco como há muito tempo já não se fazia.
Num momento em que precisamos de muita água para nossa proteção, ela quase faltava. Em muitas cidades já havia racionamento e causava transtornos para a população.
Segundo reportagem do Valor Econômico de março de 2020, o Brasil tem 31,3 milhões de pessoas sem água encanada, morando ou se isolando em casas lotadas.
Quem está acostumado com o conforto da água em casa, com água encanada e disponível para um banho, para lavar tranquilamente suas roupas em suas máquinas de lavar, por exemplo, não se dá conta do quanto ela é importante para a saúde da população.
Apertar o botão da válvula de descarga do esgoto também é um ato corriqueiro no nosso dia-a-dia, e não nos damos conta do caminho que ele percorre. Não conhecemos o estrago que a falta dele faz na vida, na saúde dessas pessoas.
Quando não investimos em saneamento básico, amargamos os custos com o tratamento de doenças e de perdas de vidas humanas. Eu já afirmei aqui nesta coluna que a maior causa da poluição do planeta é a miséria a qual está submetida boa parte de sua população.
Um levantamento feito pela Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar mostra que a cada cinco casas paranaenses uma não tem caixa d’água. Entre a população com faixa de renda mensal abaixo de R$ 1,3 mil, a falta do reservatório domiciliar é ainda mais comum e foi observada em 30% das casas, ou seja, a cada vez que o abastecimento de água é interrompido, os moradores de localidades mais pobres são os que mais sofrem. Vejam que essa estatística é para as famílias que são atendidas pela Companhia. E aquelas famílias que não tem acesso à rede?
No Brasil, quase 20% da população urbana não tem acesso a água de qualidade e mais de 55% da população urbana não é atendida por tratamento de esgoto.
Pesquisando, encontrei o Programa Caixa D’água Boa, criado pelo Governo do Paraná, que pretende em suas duas primeiras fases atender 4 mil famílias em 144 munícipios de baixo IDH. Não encontrei São Mateus do Sul entre eles. A Sanepar oferece um projeto de instalação, um kit com materiais e uma ajuda de custo de mil reais para a instalação. É uma boa iniciativa, mas está longe de resolver o problema.
O que se precisa, também, é levar a água tratada para a população. Por exemplo, uma empresa na iniciativa privada tem como objetivo chegar ao maior número de clientes, aumentar o tamanho de seu mercado e consequentemente ganhar mais dinheiro, que reinveste, aumenta o tamanho de sua rede e ganha mais dinheiro e assim faz sucessivamente.
Uma empresa estatal ou de economia mista, além de buscar resultados econômicos também tem o seu papel social. No caso da Companhias de água e esgoto, elas acabam por, indiretamente, com seu trabalho, reduzindo os custos dos governos com a saúde da população que atendem. Assim, investir nesta área é uma questão de atendimento das necessidades básicas da população, além de um bom negócio.
Não conheço a legislação aplicável aqui no Estado, mas entendo que o tratamento de água e esgoto é uma concessão, então, deve incluir obrigações de expansão e investimentos, de reparos, melhorias na rede, como existe, na concessão de rodovias ou portos, por exemplo.
Deveríamos ter formas de fiscalização pelas Prefeituras e população, além dos próprios governos estaduais é claro, do atendimento dessas metas.
Também, como cidadãos precisamos fazer o uso racional desse recurso, evitando desperdícios e reusando a água, sempre que possível.
Lave as mãos, com água e sabão! Use a água com cuidado. Que a saúde de todos merece!
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